ARTIGOS PARA O PÚBLICO | MENINGITE C

Dr. Renato de Ávila Kfouri
Médico Assistente do Centro de Imunização Santa Joana



O meningococo é uma bactéria gram negativa que apresenta em sua cápsula externa, diferentes polissacarídeos, que o permite classificar em distintos sorogrupos. Os mais prevalentes em todo o mundo são o A, C, Y e W135.

A distribuição geográfica no mundo varia conforme a região e durante diferentes períodos. Atualmente há a predominância do sorogrupo C em praticamente todo o país, sendo que no Estado de São Paulo, cerca de 80% dos casos documentados é por este sorogrupo.

Além de se ser doença endêmica, pode se apresentar de forma epidêmica, em surtos localizados em regiões delimitadas.

A maioria dos casos se concentra na faixa pediátrica, principalmente em menores de cinco anos de idade. Um pico da doença é também observado entre os adolescentes.

Embora haja avanços notáveis no tratamento e nas condições das terapias intensivas, a mortalidade pela infecção vem se mantendo nas últimas décadas em torno de 25%. Seqüelas não são raras, cerca de 30% dos que sobrevivem apresentam algum tipo, como surdez, retardo mental, seqüelas motoras e amputações.

As primeiras vacinas desenvolvidas contra os meningococos foram as polissacarídeas, que apresentam algumas limitações: efetividade somente após os dois anos de idade, proteção de curta duração, não desenvolvem memória imunológica e não são capazes de reduzir o estado de portador da bactéria na orofaringe. A nova geração de vacinas são as conjugadas, que associam um carreador protéico ao polissacarídeo, tornando a vacina imunogência já a partir de dois meses de idade, levando à proteção de longa duração e com efeito de memória imunológica. Esta tecnologia propicia também a erradicação do estado de portador assintomático da bactéria. A vacina conjugada contra o meningococo C foi inicialmente utilizada há 10 anos pelo Reino Unido, que evidenciou importante declínio no número de casos logo após a introdução da vacina em um programa de vacinação em massa naquele país. Outros países exibiram resultados semelhantes após a introdução da vacina em seus programas nacionais de imunização.

A vacina tem excelente perfil de segurança, com eventos adversos leves, transitórios e pouco significativos, como febre baixa, dor, inchaço e vermelhidão local.

As Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm), recomendam, em seus calendários, a vacinação de todas as crianças a partir de dois meses de idade, num esquema de três doses, aos 3 e 5 meses de idade com um reforço no segundo ano de vida. Crianças maiores de um ano e adultos não imunizados devem receber somente uma dose.

Voltar