ARTIGOS PARA O PÚBLICO | VARICELA

Dra. Naomy Helena Wagner
Médica do Centro de Imunização Santa Joana



A varicela é uma doença de alta contagiosidade, causada pelo vírus varicela-zoster (VVZ). Este vírus é responsável por surtos sazonais, que ocorrem no Brasil no final do inverno e durante a primavera. A incidência estimada de varicela no Brasil é de mais de dois milhões de casos por ano, sendo que, aproximadamente 85% ocorrem em crianças entre dois e dez anos de idade, das quais 60% encontram-se na faixa etária entre um e cinco anos.

A doença consiste usualmente de 300 a 500 lesões maculopapulares e vesiculares que evoluem para crostas, geralmente pruriginosas e acompanhadas de febre em 70% dos casos. Na grande maioria dos casos evolui como uma doença benigna, autolimitada, porém ocasionalmente, pode apresentar complicações sérias como superinfecção bacteriana, pneumonia, encefalite, síndrome de Reye ou evoluir como forma hemorrágica levando o paciente ao óbito.

A prevenção da doença através do programa de vacinação, é a que apresenta a melhor relação custo-benefício no que se refere a gastos com tratamento da doença e suas complicações, hospitaliza-ção, absenteísmo escolar e perda de dias de trabalho dos pais.

A vacinação para crianças acima de 12 meses de idade está recomendada pela Academia Americana de Pediatria (AAP), o Comitê Assessor de Práticas de Imunização dos EUA (ACIP), pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela Associação Brasileira de Imunizações (SBIm).

Estima-se que uma dose única da vacina, de 0,5ml, aplicada via subcutânea, aos 12 meses de idade, induza uma imunidade contra a infecção em 70 a 90% das crianças e, em 95 a 98% contra as formas graves. Contudo não é incomum a ocorrência dessa virose em crianças já vacinadas, numa apresentação mais branda, principalmente durante a ocorrência de surtos em pessoas não vacinadas. Desta forma, uma segunda dose da vacina contra varicela está recomendada para ser aplicada entre 4 e 6 anos de idade, desde o início de 2007 pela ACIP e pela SBIm. Crianças maiores de um ano de idade que não receberam a vacina e ainda não tenham tido a doença devem ser vacinadas com duas doses, com intervalo mínimo de três a quatro meses entre elas.

As contraindicações são as mesmas que para qualquer outra vacina de vírus vivo, imunodeficiência severa e tratamento com elevadas doses de corticóide, entre outras.

A vacina é uma preparação de vírus vivos atenuados da cepa Oka, podendo ser administrada simultaneamente com a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), porém em sítios de aplicação diferentes. Caso não sejam administradas no mesmo dia, deverá ser observado um intervalo mínimo de 30 dias entre ambas. Em relação a outras vacinas, não há contra indicação e/ou interferência na resposta imune, quando da administração simultânea, em sítios diferentes de aplicação, da vacina contra varicela com a tríplice bacteriana, tríplice bacteriana acelular, poliovirus, hepatite A ou B e Haemophilus tipo b.

As reações com a vacina não são comuns, porém pode ocor-rer um rash cutâneo variceliforme em cerca de 7 a 8% dos vacinados. O rash generalizado usualmente consiste de 5 a 10 lesões entre 7 a 21 dias após a vacinação. No local da aplicação também pode ocorrer rash em 4% dos vacinados com 2 a 4 lesões. Cerca de 15 a 20% das crianças apresentam sinais leves de dor, endurecimento e vermelhidão no local e 14% pode apresentar febre. O uso de salicilatos deve ser evitado por um período de seis semanas após a vacinação, por existir uma associação entre o uso deste medicamento e o vírus da varicela no desenvolvimento da Síndrome de Reye.

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